quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

UMA EMERGÊNCIA DE AMOR...


Final de tarde, um dia frio e emburrado.
Tudo era de um cinza intenso.
Ao fundo uma melodia chorosa de um blues.
Na mão um copo de whisky que segurava com força e entre os dedos tinha um cigarro aceso.
Tirou os sapatos e se jogou no sofá.
O cansaço era aparente, mas a combinação da bebida com a nicotina, o fazia relaxar.
Havia um bom tempo que não se sentia assim, mas alguma coisa acontecia por dentro.
O pensamento seguia um padrão não aleatório. Flashes de momentos felizes o povoavam. Era apenas a sua via de escape.
Encheu novamente o copo e colocou 3 pedras de gelo e se lembrou de que era assim que ela também gostava.
Seu olhar encarava o celular, queria ligar, mas só pensava que ele a deixara entrar naquele avião.
Roma estava gelada, mas ele acreditava que era o seu frio interno que provocava tal sensação.
Começou então a se lembrar de como haviam se conhecido.
O encontro dos dois se dera por mero acaso, mas não fora o acaso que os unira.
Era janeiro e se encontravam em Madrid por motivos diferentes.
Uma amiga em comum dera uma recepção e os convidara.
Os seus olhares se cruzaram, pra ele foi a primeira vez, já pra ela não, pois já o havia visto antes.
Ele a cumprimentou com um sorriso e com um balançar de cabeça, ela retribuiu um tanto quanto sem jeito pela surpresa do reencontro. Por dentro explodia de felicidade e emoção.
A amiga os apresentou. Ela tremia e tinha as mãos frias. Ele reparou, mas não comentou, apenas lhe sorrira um sorriso quente e acolhedor.
Então ela lhe contou que o vira em um passeio na Plaza Mayor.
Disse que algo aconteceu com ela, uma sensação jamais antes sentida. Ela estava fotografando o local, quando o avistou. De repente tudo a sua volta sumira, não havia nenhum som, só ele na sua área de visão. Tudo parecia estar em câmera lenta, e ela se sentia flutuar. Foi algo inesperado e ficou tonta por alguns segundos.
Se sentou e continuou a observá-lo.
Pensou em segui-lo, mas não achou a idéia muito viável, resolveu deixar nas mãos do destino.
E no momento em que o revira, voltou a sentir tudo novamente.
Eles conversaram a noite toda.
Ele encantado com os olhos dela, com a sua beleza e o seu jeito de mexer as mãos.
Ela por sua vez enfeitiçada pelo sorriso e os galanteios.
Ficou claro desde o início que tinham muitas coisas em comum. Parecia que se conheciam há tempos.
Tinham o mesmo ritmo de pensamento, o mesmo senso de humor, se entendiam perfeitamente.
Combinaram de se encontrar no dia seguinte.
Ele levou uma cesta com vinhos, queijos, pães, frutas e segurava um girassol.
O cenário escolhido foi o Parque del Retiro.
Conversaram, comeram e brindaram ao encontro e ao desejo de tantos outros.
Ele se inclinou e arrancou uma margarida no chão e a colocou delicadamente no cabelo daquela que havia mexido tanto com ele.
Sem pensar em nada, apenas a beijara.
Um beijo que não queria que acabasse.
Eles ficariam em Madrid por uma semana e fizeram dessa semana a melhor de suas vidas.
Queriam aproveitar o momento e não falavam no depois.
E é exatamente esse depois que o perturbava agora.
Se despediram no aeroporto, ele voltou pra Roma e ela pra Londres.
Combinaram de não se ligarem por enquanto, pra descobrirem se era algo passageiro ou se realmente era amor o que sentiam.
Ele não tinha dúvidas, mas se sentia com as mãos atadas.
Encheu novamente o copo e bebeu o líquido de um gole só.
Resolveu nesse átimo o que faria.
Ligou pra uma agência de viagens e descobriu que havia ainda um lugar pra um vôo que sairia em 3 horas, o reservou. Fez a mala.
Não queria adiar mais ainda a felicidade, correu para o aeroporto.
O vôo foi tranquilo, nenhuma turbulência além daquelas que ele sentia internamente.
Pegou a mala e quando saía do aeroporto, a avistou, saindo de um táxi e iria entrar no aeroporto.
Quase não acreditou nos seus olhos. Gritou seu nome.
Ela se virou e o viu também.
Jogaram as malas no chão e correram pra um abraço desejado.
Ele a rodopiou, enquanto a beijava.
Ela quis saber o que ele fazia em Gatwick, e ele disse que fora atrás dela.
Ela riu, a sua risada mais gostosa e disse:
Acho que o destino está do nosso lado, pois eu estava indo ao teu encontro em Roma.
Se beijaram com sofreguidão e a partir daquele momento, recomeçaram a escrever uma linda história de amor.
Ainda não decidiram o que farão de fato, mas sabem o essencial: que querem ficar juntos e que assim será.

* Foto Googleada

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